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IPVC Residência de Estudantes
Concurso de Arquitetura  .  Viana do Castelo  .  2021   

Atendendo ao valor paisagístico e cultural do território onde se propõe intervir, a proposta define-se e caracteriza-se primordialmente pelo respeito que demonstra pela paisagem existente. Toda a riqueza natural desta planície, onde se insere o Campus da Praia Norte do IPVC, eleva a importância e dimensão desta intervenção muito para além dos limites do património edificado.

É enquadrado nesta lógica de valorização e contextualização paisagística que surgem as duas primeiras intenções base deste projeto: manipulação topográfica do terreno inspirada nas dunas costeiras, criando um sistema proteção natural contra a agressividade dos ventos dominantes ao nível do piso térreo; e, criação de uma massa fortificada, voltada para o seu interior, ao nível dos pisos superiores, assegurando a proteção eficaz e natural dos quartos perante as condições climatéricas vigentes.

O resultado é um anel de blocos maciços que pousa subtilmente sobre um sistema de dunas com cobertura vegetal autóctone, convidando, ao nível do piso térreo, a descoberta do imponente pátio interior, em torno do qual orbitam os vários espaços comuns da residência.  Quando observado do cimo do Monte de Santa Luzia, o complexo invoca a imagem de forte costeiro, um dos símbolos desta zona territorial.

A importância do pátio neste complexo ultrapassa claramente um simples gesto formal de composição arquitetónica. Sendo o tema da proteção o verdadeiro cerne de todo este projeto, devido ao contexto climatérico em que o edifício se insere, mas também a vertente programática à qual deve responder, a decisão de proteger naturalmente os espaços interiores não os expondo demasiado aos elementos naturais, teria de ser acompanhada, obrigatoriamente, pela criação de uma nova fonte natural de salubridade interior.

Um espaço de dezasseis metros de largura por cem metros de comprimento que não só garante a iluminação e ventilação de todos os espaços interiores que o rodeiam, como potencia uma nova dinâmica comunitária, promovendo ainda mais a socialização e o espírito de comunidade académica. Neste grande pátio central, os tons monocromáticos do exterior dão lugar a uma intensa composição cromática cujas cores são inspiradas na paisagem em que este edifício se insere.

A intervenção proposta assume uma imagem forte e marcante no território, ancorada obviamente pela resposta programática e um conceito desafiante, que lhe confere um estatuto inevitável de referência na paisagem urbana. Não obstante, é a vertente mais sensível e sensitiva de toda esta abordagem, aquela que confere substância à intervenção.  A duna, como organismo vivo, agarra o piso térreo onde o maciço cerrado pousa, convidando à descoberta do seu generoso pátio que é fonte de salubridade na mesma medida que lugar de introspeção, inspiração e surpresa.

 

Uma proposta pouco óbvia, que certamente não deixará indiferente ninguém que por ela atravessa. À distância de quem se atreve a molhar os pés no Atlântico, uma cerrada composição monolítica descansa serena, sob a topografia dunar, numa demonstração de equilíbrio físico e ascético com a paisagem.

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